Ocerto é que lá chegou a tempo de tomar várias doses com seu ídolo esaiu, com se diz, pé-dentro, pé-fora, cambaleando. Obrigado por tudo, jardineiro fiel! Era a voz de Antônio de Toínha. Já passava das3 horas da madrugada quando Waldick Soriano, rumando na direção deFloriano, após show realizado em Picos, resolve ali parar. Vivia-seos áureos tempos da construção da barragem de Boa Esperança, anossetenta. Àquela hora, já reinava certa calma no ambiente. Mas não haveria nada errado, ou fora de lugar, se essa figura impoluta fosse lembrada para nomear uma escola, posto de saúde ou qualquer outro equipamento em nossa cidade.
Por outro lado, é bom dizer, a população do Jureminha, a par de receber tão ansiado melhoramento comunitário, deve sentir-se, também, honrada pelo privilégio de ter, a partir de hoje, em seu bairro, a Praça Jardineiro José de Helena. De repente, um carrão parana porta do velho cabaré. Agumas mais osso que carne. Antônia Preta, que estavacom Ernesto, pulou a janela que dava para a rua, tentando chegar maisrápido perto do cantor. As pobrezinhastambém são de carne e osso. Serenados os ânimos , Waldick então pega o violão e começa a cantaralguns dos seus sucessos. A um aceno seu, o motorista fazchegar à mesa três garrafas.
Se curtiam avoz e a música nos discos, imagine ouvi-lo ali presente. Partidários de Aleksandra Tapety reuniram-se em frente a casa da candidata para contestar o resultado da pesquisa que coloca o seu adversário na liderança na disputa pela prefeitura de Oeiras. Uma praça com este nome certamente inspirará o Amor, a maior lição que o Zé nos deu durante toda a sua vida! Nininha, Chica Piston, Rosilda, Maria Preá ,Antonia Pitéu, Maria Pé-de-Louro, Chica Martelo, e mais outras, saemdos quartos, todas querendo ver o cantor. Omulherio, dos quartos, ouve o grito, joga tudo pro alto e saem, quasetodas, em desabalada carreira para o salão. Até hoje, muitas daquelas pobresmulheres, todas já com mais de 60 anos, não esquecem o show particulardo velho Waldick Soriano, que nos deixou e foi para o andar de cima. Dar a um bem público, o nome do jardineiro aposentado José Hipólito Marinho, o Zé de Helena, justamente às vésperas de seu aniversário natalício tem todo o cabimento, mormente em se tratando de uma praça pública como tantas outras que ele cuidou durante os anos que trabalhou na Prefeitura Municipal de Oeiras. O proficiente jardineiro Zé de Helena, imaginoso proprietário de um Castelo, à noite e nos fins de semana se transmutava em diligente e solícito garçon e, nas festas cívicas e religiosas, produzia trabalho abnegado atendendo a todos que lhe pediam ajuda; essa Brisa do Mar, como é, também, carinhosamente chamado, até por ser, profundamente, um jardineiro, foi, e é, muito mais do que isto: incorporou-se, de tal forma, ao imaginário coletivo que hoje em dia seria impensável Oeiras sem Zé de Helena.
. Moreno, que também já foi, deve estar por lá aplaudindo-o e tomandoumas-e-outras. As raparigas, quando chateadas por alguma traição de seushomens, bebiam ouvindo-os horas seguidas. Os bolerões de Waldick Soriano eram sucessoabsoluto. Ao entrar em Oeiras, pergunta logo a um notívago ondeficava o cabaré, do que foi prontamente informado.
Amaioria dos boêmios presentes, devidamente acompanhados, tomava o rumodos quartos, alguns já cerravam as portas. . . . .
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